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Xanéu Nº 5

Zeca Baleiro

A minha TV não se conteve
Atrevida, passou a ter vida
Olhando pra mim

Assistindo a todos os meus segredos
Minhas parcerias, dúvidas, medos
Minha TV não obedece

Não quer mais passar novela
Sonha um dia em ser janela
E não quer mais ficar no ar
Não quer papo com a antena
Nem saber se vale a pena ver de novo tudo que já vi

Vi

A minha TV não se esquece
Nem do preço nem da prece que faço
Pra mesma funcionar
Me disse que se rende à Internet
Em suma, não se submete a nada
Pra me informar

Não quis mais saber de festa
Não pensou em ser honesta funcionando quando precisei
A notícia que esperava
Consegui na madrugada num site, flick, blog, fotolog que acessei

Diz aí Zeca, qual o teu canal?

A minha TV tá louca
Me mandou calar a boca e não tirar a bunda do sofá
Mas eu sou facinho de marré-de-si
Se a maré subir, eu vou me levantar

Não quero saber se é a cabo
Nem se minha assinatura vai mudar tudo que aprendi
Triste o fim do seriado
Um bocado magoado sem saber o que será de mim

Ela não SAP quem eu sou
Ela não fala a minha língua

Ela não SAP quem eu sou
(Não, não)
Ela não fala a minha língua

Ela não SAP quem eu sou
Ela não fala a minha língua

(She doesn't speak my tongue)

Ela não SAP quem eu sou
Ela não fala a minha língua

Não

Pô, tô cansado de toda essa merda que eles mostram na televisão todo dia mano
Não aguento mais, é foda!

Manda bala, Fernando

Enquanto pessoas perguntam por quê
Outras pessoas perguntam por que não?
Até porque não acredito
No que é dito, no que é visto
Acesso é poder e o poder é a informação
Qualquer palavra satisfaz
A garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz
O valor é temporário, o amor imaginário
E a festa é um perjúrio
Um minuto de silêncio é um minuto reservado de murmúrio
De anestesia
O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia
Com a narrativa
A vida ingrata de quem acha que é notícia
De quem acha que é momento
Na tua tela
Querem ensinar a fazer comida uma nação
Que não tem ovo na panela
Que não tem gesto
Quem tem medo assimila toda forma de expressão como protesto

Falou e disse

Num passado remoto, perdi meu controle
Num passado remoto, perdi meu controle

Num passado remoto

Era a vida em preto e branco
Quase nunca colorida
Reprisando coisas que não fiz
Finalmente se acabando feito longa
Feito curta que termina com final feliz

Ela não SAP quem eu sou
Ela não fala a minha língua

Ela não SAP quem eu sou
(Sabe nada)
Ela não fala a minha língua

Ela não SAP quem eu sou
Ela não fala a minha língua
(Quem te viu, pay-per-view)

Ela não SAP quem eu sou
Ela não fala a minha língua

Eu não sei se pay-per-view ou se quem viu tudo fui eu
Eu não sei se pay-per-view ou se quem viu tudo fui eu

A minha TV tá louca

Compuesta por: Fernando Anitelli. ¿Los datos están equivocados? Avísanos.
Enviada por Victor. Subtitulado por Kelly. Revisión por Kelly. ¿Viste algún error? Envíanos una revisión.

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