Guadiana

Corre nobre guadiana
Espelho de moura formosa
Vai ficando uma ribeira
Pela terra sequiosa

Nunca pensei assisti
À tua dor na charneca
É como um deus a cair
Ante a barbárie da seca

Corre corre guadiana
Pela terra alentejana
Pudesse dar-te esta canção
A vertigem dos caudais
Dar-te o farto aluvião
Das águas primordiais

E ver-te com dignidade
A correr entre os campos
Como o rio que tem um caminho
Desde o começo dos tempos

Ouve as pedras do teu leito
A pedir que não as deixes
Ouve os barcos parados
Ouve os homens ouve os peixes

Corre corre guadiana
Por essa terra raiana
Que eu faço um apelo aos lagos
Convoco no céu as fontes
Teço três meadas de água
Dos fios perdidos nos montes

Guadiana

Maneja noble guadiano
Hermoso espejo morisco
Va a ser una corriente
A través de la tierra sedienta

Nunca pensé que vería
A tu dolor en el páramo
Es como un dios que cae
Ante la barbarie de la sequía

Corre guadiana
Por la tierra de Alentejo
Podría darte esta canción
El vértigo de los flujos
Te dará el abundante aluvial
De las aguas primordiales

Y nos vemos con dignidad
Correr entre los campos
Como el río que tiene un camino
Desde el comienzo de los tiempos

Escucha las piedras de tu cama
Pedirte que no los dejes
Escucha a los barcos que se quedan quietos
Escuchar a los hombres oír a los peces

Corre guadiana
Por esta tierra de Raiana
Que hago un llamamiento a los lagos
Invoco en el cielo las fuentes
Tejí tres madejas de agua
De los cables perdidos en las colinas

Composição: Carlos Tê / Rui Veloso