De Luas e Tempos
Jorge Dornelles
Num silêncio de inverno,
Queima a lenha no fogão,
Chia a água na chaleira
E o neto pede bênção.
Pra matear com seu avô
E ouvir suas histórias
De campereadas e tropas
Que ficaram na memória.
Lembra de rumos e rondas
E dos pingos estradeiros,
Poeira de estradas longas,
E dos dias de aguaceiro,
De assombrações e de medos,
Mesmo em noites de luzeiros,
E dos pedidos que fazia
Pra o negro do pastoreio.
Passaram luas, e o tempo
Fez o menino crescer
E se dar conta que a vida
Precisa então renascer...
Mostrar que às vezes mudar
É o caminho a seguir,
Pois se pararmos no tempo,
Por que o tempo existir?
Os rumos hoje são outros,
O campo está diferente,
Mas uma coisa não muda,
Tenha isto em sua mente:
Só consegue colher os frutos,
Quem plantar boas sementes
E o futuro dos teus netos
Depende do teu presente.
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