Tempos Remotos
Thiago K
Voando vou indo, olhando vou vendo
O monstro emergindo, o susto tremendo
A unha ferindo, o dente mordendo
O riso sumindo, o medo crescendo
Cordeiro abatido, o lobo comendo
A corda puindo, a laje cedendo
O tiro perdido, alguém perecendo
O anjo caindo, o céu dissolvendo
A chama subindo, a mata ardendo
O amor consumido, a paz derretendo
A guerra fluindo, o solo fervendo
Poeta fingindo, deveras doendo
Voando vou indo, olhando vou vendo
O peito atingido, o sangue escorrendo
O rio sumindo, o chão encolhendo
O mundo ruindo, o rato roendo
O cão envolvido, barragem cedendo
A lama engolindo, cidades morrendo
O tempo doído, momento horrendo
O corpo moído, a alma sofrendo
O vírus surgindo, a besta escondendo
Bezerro fugido, pastores tangendo
Porteira se abrindo, cancela rangendo
O gado mugindo, o povo gemendo
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