De Fletes e Estrelas
Roberto Luçardo
Quando Deus criou o pingo
Por certo prendeu-lhe o grito
Encheu o céu de rosetas
Pra ginetear no infinito
Os olhos de pirilampos
Que brilham na noite escura
De um rastro de três marias
Para encurtar as lonjuras
Só duas coisas me acalmam
Quando a saudade me mata
A boa rédea de um flete
E a noite bordada em prata
Nasci pra sovar cavalos
Com estrelas no garrão
Pra um dia talvez alguma
Lá do céu trazer pra o chão
Mas potro que me carrega
Não pode ser como eu
Que vivo a contar estrelas
Na sina que Deus me deu
Tem que ser bem monarqueado
Doce de boca e campeiro
Enfrenado a moda antiga
Pra não ficar estreleiro
A potrada que eu encilho
É minha constelação
E as estrelas são tropilhas
Pastando na imensidão
Mal comparando uma estrela
Que cair perdendo trilho
É um potro que se aporreou
Por não nascer pra o lombilho
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