Louvação
Maximo Mansur
Minha língua sifilítica
Pede engenho e arte nessa lôa
Ó valei-me Gregório de Matos
Ó valei-me Fernando Pessoa
Ó valei-me Dante e Camões
Ó valei-me Augusto nessa hora
Ó valei-me Caetano e Gil
Vou cantar louvando minha senhora
Nas meadas dessa louvação
Vou tecendo essas redes sonoras
Se meu Deus me for valido
Vou ser o teu cantor pela vida a fora
Eu consigo um dia lhe explicar
Que a clareza lhe é peculiar
Rouba o sol a sua claridade
Do teu rosto e com simplicidade
Você doura ao se reverberar
Desta luz que em você está
Rouba a lua sua aura clara
De você e você não repara
Que no dia da anunciação
O arcanjo era você na certa
E as estrelas furtam todo o brilho
De você pela a janela aberta
Minha lúcida palavra sã
Extrapola explorando o tema
Foi teu hálito a primeira essência?
Leite de colônia, alfazema?
O protótipo original da primeira pétala existente?
A matéria prima do desejo?
A canção no coração da gente?
Quando deus disse Fiat Lux
E houve a grande explosão primeira
Quando Adão viu Eva abrir os olhos
Você era a criação inteira
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