Varanda
Mauricio Musa
Eu me recosto na varanda em fim de tarde
E observo a passarada indo encontro
De seus galhos, suas pousadas
Não da pra ser só
Não da pra ser só
Com revoar da passarada
E nos jardins os girassóis entristecidos
Pelo astro rei se recolhendo triunfante
Alaranjando atrás dos montes
Não da pra ser só não da pra ser só
Com Deus pintando o horizonte
O sino ao longe anuncia ave Maria
Vozes uníssonas beatas, comunhão
As contas bailam por dedos habilidosos na oração
A chaleira apita no fogão a lenha
Água fervendo sente o aroma tem café
O meu cumpadi vam pitá um na varanda
E um violão de prontidão
E a Lua estreia em seu vestido prateado
Piam corujas, uivam em coro a cachorrada
E a cigarra dando as caras
Não da pra ser só não da pra ser só
Com essa Lua escancarada
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