Córa
Mário Pinheiro
Teu olhar tem um mistério
Que eu não posso interpretar
Teu olhar é um cemitério
Todo cheio de luar
Quando induzes a piedade
“São as cruzes da saudade! ”
Tens um ato de maldade
Mas tens dos astros o candor
Amo ouvir teu lábio pulcro
Ternos ais despetalar
Como um anjo do sepulcro
Junto à cruz a soluçar
Dá-me a calma no teu canto
Vê que est’alma é um campo-santo
No teu peito, olha, repousa
Marmórea lousa desse amor
Quando a tua mão descansa
No teclado a palpitar
És o gênio da esperança
Que me vejo apoquentar
Dá-me a calma no teu pranto
Vê que est’alma é um campo-santo
Nesse peito teu repousa
Marmórea lousa desse amor
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