A Dor do Meu Calendário
Juçara Freire
E nos meses que se seguem a alma chora
A dor do meu calendário
Cores de janeiro, cores tristes
Janeiros nascendo, vida morrendo
Janeiro mata a gente
Vou morrendo em fevereiro, branco e preto, março, abril
E nos meses que se seguem a alma chora
A dor do meu calendário
Passa maio, chega junho e a dor ainda me devora
Nasce o julho, vem o agosto, com o janeiro ainda presente
Seguindo o desgosto da face ausente
E nos meses que se seguem a alma chora
A dor do meu calendário
Há dor em tudo, setembro, outubro
E findam os doze, que bem me lembro
Novembro, dezembro
Eternos janeiros que os anos compõem
A dor do meu calendário
E nos meses que se seguem a alma chora
A dor do meu calendário
A dor. A face ausente
A dor da face ausente
A dor do meu calendário
E nos meses que se seguem a alma chora
A dor
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