Chaleira Preta
Erasmo Cesar & Rhafael
Ouvindo a chaleira chiando no fogo
Tive um desafogo no meu coração
Lembrando da lida com meus companheiros
Nos muitos janeiros da vida de peão
A chama subia embalando a mente
Trazendo ao presente a recordação
Da marcha vigília na antiga pousada
O som de um berrante e o mugir da boiada
Do rodeio e doma de um potro pagão
No braseiro vivo do fogão de barro
Acendi um cigarro de palha de milho
Deitei-me na rede amarrada no gancho
E a luz do rancho foi perdendo o brilho
Um raio de lua clareou no esteio
Mostrando o arreio todo empoeirado
O vento tiniu na roseta da espora
Balançou o cantil amarrado na escora
Eu senti na brisa o cheiro do gado
Fiquei revirando o apeiro guardado
Vi o lenço manchado com marcas de poeira
A capa de chuva toda amarrotada
E a bota surrada na vida estradeira
A guampa torneada de um boi pantaneiro
Baldrana e baixeiro com fios de pelo
O chapéu de palha no prego do esteio
Um laço comprido que nunca fez feio
E o quarenta e quatro que guardo com zelo
A chaleira fez um silêncio profundo
Eu voltei pro mundo da realidade
Se a modernidade apagou minha glória
Deixou na memória um baú de saudade
Quem viveu na estrada sem ter paradeiro
Hoje é um prisioneiro da grande cidade
Aqui tenho tudo o que antes não tinha
Conforto, comida e a roupa limpinha
Mas vivo distante da felicidade
Comentários
Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra
Faça parte dessa comunidade
Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Erasmo Cesar & Rhafael e vá além da letra da música.
Conheça o Letras AcademyConfira nosso guia de uso para deixar comentários.
Enviar para a central de dúvidas?
Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.
Fixe este conteúdo com a aula: