Poema do Mate da Saudade Longa
Ênio Medeiros
Os passarinhos cantam revoando o terreiro,
Escalando o limoeiro da horta dos fundos
As galinhas ciscando o pátio varrido
E um milho esquecido que estava sobrando
O sol embaçado blaceia a saudade
Do fogo que arde à chaleira que chia
A tarde é curiosa, um cachorro que late,
Me aflora, me indaga, na hora do mate
A tarde é curiosa, um cachorro que late,
Me aflora, me indaga, na hora do mate
O mate que me ensinaste,
Assim, na conha da mão,
Dói no meu coração em cada hora que faço,
Como um ato banal pra ti,
Não queria ter aprendido,
Preferia o meu mate
Amargo, sem graça e entupido;
A cuia bordada atento e a bomba é a mesma também,
Se procurar ainda tem o digital dos teus dedos,
Só falta é repor a erva pra não matear mais sozinho,
E chiando, a chaleira chora a falta dos teus carinhos.
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