Pagodeiro
Atilano Muradas
Quando eu era pagodeiro
E vivia no boteco
Nunca usei o meu dinheiro
Para encher o meu caneco
Pois tocava bem pandeiro
E também o reco-reco.
Quando eu era pagodeiro
Quando eu era pagodeiro.
Quando eu era pagodeiro
Tive muitas namoradas
Não faltavam companheiros
Pra encarar uma noitada
Mas, em casa, abandonada
Tinha a esposa comportada.
Quando eu era pagodeiro.
Quando eu era pagodeiro.
Devagar fui almentando
As noitadas e a bebida
Sem notar, estava entrando
Numa rua sem saída
Todos me abandonando
E eu perdendo a minha vida.
Quando eu era pagodeiro.
Quando eu era pagodeiro.
Mas um dia, um companheiro
Me contou de sua vida
Também fora um pagodeiro
E entregara-se à bebida
Me contou de um carpinteiro
Que mudou a sua vida.
Entendi que o carpinteiro
Que morreu, por mim, na cruz
Não me quer na bebedeira
Quer que eu viva só na luz
Transformou-me a vida inteira.
Sou pagodeiro de Jesus.
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