Missal Das Reses
Álvaro Neves
É nas tardes azuis de campanha
Ao fundo musical de mil cigarras
Ao recital de pássaros caponeiros
Que se sangra o boi em grande farra
Ai! A dor brutal do gadario
Chorando, chorando, a rês a abatida
No ritual selvagem das cabeças
De bois e vacas em reza condoída
E farejam os animais apavorados
O lugar onde sangraram o companheiro
Na tarde mormacenta de ar parado
Aos berros, de luto, o lote inteiro
Era! Era! Era! Era boi!
Em um missal de campo aberto
Curvando-se, escarvando berra
O touro do rodeio insatisfeito
Num bravo funeral de guerra
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