Canto de Mutirão
Zebeto Corrêa
Da cana eu quero a cachaça
Do leite, o queijo do Serro
Não gosto de grito e pirraça
Quem chora berrando é bezerro
Do rio eu quero o dourado
Da igreja, o ouro barroco
Não posso viver magoado
Nem dar minha mágoa de troco
Toco a viola, canto o refrão
O canto da gente no mutirão
Louva o trabalho e a devoção
A vida passa de mão em mão
Na roda eu danço a ciranda
Sertão, buritis na vereda
Sentado na minha varanda
Eu flerto com a lua de seda
Meus pés desenhando o caminho
Eu ouço o miado da onça
Roseira dá rosa e espinho
E a moça se finge de sonsa
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