Quaes muitas brancas não são!
Tenho requebros mais belo
Se a noite são meus cabelos
Fina, tão alva, arrendada
Que pende ao galho formoso
Mais levezinha do que eu?
No samba, rompendo a chula
Jamais ninguém me venceu!
Quando estalo a castanhola
Ferve a dança e o desafio!
Peneiro não'um mole anseio
Vou mansa não'um bamboleio
Mas, se murmuram: Maltida
Na fronte, ainda que baça
Me assenta o torço de caça
Nos meus pulsos delicados
Contas d'ouro e coralinas!
Prendo meu pano á cintura
Que mais realça á brancura
Das salas de rendas finas!
Minh‘alma é qual borboleta
Pousando de flor em flor!
Com meu cordão reluzente!
Tem sempre e sempre a mulata
Que assim se passa esquecida
De tudo que é triste e vão!
Um mimo, um riso, um agrado
Meiga a mostrar-se de novo!
Vai-se o fervor pelo santo
Pra o santo não olha o povo!
Minha existência é de flores
De sonhos, de luz, de amores
Escrava, na terra um dono
Outro no céu sobre um trono
Que é meu Senhor do Bomfim!