Padecimento
Tião Carreiro e Pardinho
Ai a viola me conhece que eu não posso cantar só
Ai se eu sozinho canto bem junto eu canto melhor
Ai vai chegando o mês de Agosto bem pertinho de Setembro
Os passarinhos cantam alegres por ver as matas florescendo
Ai eu não sei o que será que já vai me entristecendo
Passando tanto trabalhos debaixo de chuva e sereno
Eu não como e não bebo nada vivo triste padecendo
Ai pra um coração de quem ama o alívio é só morrendo ai, ai, ai
Ai quem já teve amor na vida e por desventura perdeu
Não deve se lastimar nem ficar triste como eu
Pois eu também já tive amor mas não me correspondeu
O desgosto no meu peito quis ser inquilino meu
Mas eu tenho esta viola que foi enviada por Deus
Ai que só me traz alegria e a tristeza rebateu ai, ai, ai
Ai a viola me acompanha desde quinze anos de idade
Ela é minha companheira nas minhas contrariedades
Faço moda alegre e triste conforme a oportunidade
Esse dom de fazer moda não é querer e ter vontade
Tem muita gente que quer mas não tem facilidade
É um dom que Deus me deu pra desabafar saudade ai, ai, ai
Ai pra aprender cantar de viola primeiro estudo que eu tive
Aprendi com um violeiro velho que fazia moda impossível
Pois eu sou um violeiro novo mas também quero ser terrível
Faço moda de gente boa e de algum incorrigível
Toda moda que eu invento ocupo régua prumo e nível
Ai pensando bem um violeiro com prazer no mundo vive ai, ai, ai
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