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Bairro Do Oriente
Rui Veloso
Bairro Do Oriente
Tenho à janela
Uma velha cornucópia
Cheia de alfazema
E orquídeas da etiópia
Tenho um transistor ao pé da cama
Com sons de harpas e oboés
E cantigas de outras terras
Que percorri de lés-a-lés
Tenho uma lamparina
Que trouxe das arábias
Para te amar à luz do azeite
Num kama-sutra de noites sábias
Tenho junto ao psyché
Um grande cachimbo d'água
Que sentados no canapé
Fumamos ao cair da mágoa
Tenho um astrolábio
Que me deram beduínos
Para medir no firmamento
Os teus olhos astralinos
Vem vem à minha casa
Rebolar na cama e no jardim
Acender a ignomínia
E a má língua do código pasquim
Que nos condena numa alínea
A ter sexo de querubim
Barrio Este
Tengo en la ventana una vieja cornucopia llena de lavanda y orquídeas de Etiopía Tengo un transistor al pie de la cama con los sonidos de arpas y oboes y canciones de otras tierras que he viajado desde el este hasta el lado Tengo una lámpara que he traído desde el árabe para amarte por la luz de aceite de oliva En un kama-sutra de noches sabias tengo por el psyché A Tengo un astrolabio que me han dado beduinos para medir en el firmamento Tus ojos astralinos vienen a mi casa Roll in bed and garden Ilumina la ignominia y la lengua maligna del código Pasquin que nos condena en un punto de tener relaciones sexuales de querubín
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