Abrigo
Riccelly Guimarães
Ainda é cedo, amor
Me faz um dengo antes de ir pro teu sertão
Me acaricia feito chuva
Quando desliza pelo chão
Vem cá, chamego
Teu beijo doce me arrebenta o coração
E não demore, amor
Meu tempo é hoje, eu tô de mal com a solidão
Se demorar me mande avisos
Por aves de arribação
Que o meu desejo
Não pede arrego enquanto escorro entre tuas mãos
Não sei se carece dizer
O que dá pra ver sem mesmo olhar
Ou aliviar o que é arder feito calor
E sem saber dizer nem compreender os lábios
Hão de endoidecer, se alvoroçar, ensandecer
Teu corpo faz supor
Que meu desejo é candidato à devoção
E do teu cheiro eu faço abrigo
No território da paixão
Vem, que eu latejo
Como o lampejo que antecede a criação
Mas eu te espero, amor
Porque a saudade é feito pele em comichão
E o nosso amor é como escrita
De frases num mata-borrão
Versão dos erros
Que cometemos pra entender a perfeição
Não sei se carece dizer
O que dá pra ver sem mesmo olhar
Ou aliviar o que é arder feito calor
E sem saber dizer nem compreender os lábios
Hão de endoidecer, se alvoroçar, ensandecer
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