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R.U.A 10 (Rosas de Aço)

Nocivo Shomon

[Cris SNJ]
Eu sou batalhadora não corro, lutei, consegui
Tantos espinhos no caminho, enquanto eu percorri
Ouvi desisti de tantos que queriam me ver ruir
Que até hoje se perguntam como cheguei até aqui

Guerreira eu e o meu filho nos braços, sozinha
Lembro do gosto das lágrimas sobre cada linha
Fui persistente no corre não sou só uma neguinha
Sou Cris Negrona Zona Sul pra quem pensou que eu não vinha

Bem forte, capaz, potente, em meio aos caos me criei
Domo minha sombra, não caio, pratico tudo que sei
Partilho a paz com as minhas e guerra à quem de lei
Tenta contra por inveja nós é mais ruim que vocês

Feitas pro aço igual Marielle Franco
Só quem é entende a dor e dela o tamanho
Resistimos bem fortes a trancos e barrancos
Pra que o sistema não impeça mais os nossos avanços

[Rakel Reis]
A fé e a esperança me trouxeram até aqui
Matei o ódio que existia dentro de mim
Me tornei rosa de aço resistente à dor
Toda fraqueza minhas lágrimas lavou

A fé e a esperança me trouxeram até aqui
Matei o ódio que existia dentro de mim
Me tornei rosa de aço resistente à dor
Toda fraqueza minhas lágrimas lavou

Salve! Entre orações e a rua eu sigo
Mais uma vez ressurgindo após o abismo
Mãe de três meninos sem tempo pra choro
Pisando em macho escroto não aceito desaforo

Eu vim pra resistir às pancadas da vida
Eu de calcinha ainda menina nas ruas de Aparecida
Comi o pão que o diabo amassou, morando em barraco de lona
Voltei à fúria feminina dominando a porra toda

Meu coração petrificou, minha mãe me fez mulher
Hoje sou a voz das mina, das mana, das Queer
Represento a resistência, a força da preta favelada
Fora do padrão o carai
Minha beleza, meu padrão, minha alma
Minha mente virou arma

Cuspindo palavras nos pergaminhos
Incendiando o cenário de Dina Di que abriu o caminho
Não fica em choque, o nome é forte!
Marreta agressiva, rosa de aço tamo junto pra guerra memo!

[Nay Lopes]
A braba de todas as brabas
Voz em punho, minha arma
Rimas no fundo da alma
Nay Lopes aqui quem vos fala
Da Tiradentes ZL SP sou cria de quebrada
De todas as rosas o espinho de aço que contra ataca
Referência de porra nenhuma cheia de falhas na vida
Mas tem quem se identifica
Então respeita e abaixa a crista
Não vim dividir, pois quem não ajunta é quem espalha na pista
Sente o poder que a RUA 10 é só voz feminina
O mundo dá voltas e pode parar, mas eu não paro
Um dia eu posso até cair mais do chão não passo
Eu sei quem ouve esse som torcendo pro meu fracasso
Não acompanha o ritmo mesmo eu rimando em cima do compasso
Cês diz que apoiam as mulheres mais tem fetiche por macho
Lambe saco o ano inteiro e lembra delas no mês de março
Se eu dependesse de patrocínio e produtor safado
Eu tava esquecida, por isso meu corre eu mesma faço

E eu não sou mais uma mina, eu sou uma mina a mais
Se quiser pega minha mão e nenhuma fica pra trás
Tentaram me aprisionar como fizeram em Alcatraz
Se depender da minha carne passa fome os canibais

[Karol Kolombiana]
Quantas rosas na rua a vida recruta
A mente atua, o corpo reluta
Não se situa, o que muda é toda conduta
Perpetua a tua postura pra não cair no caminho da dura
Se auto destrua, a vida censura antes mesmo de tentar
Quem te julga por ser bruta, obscura e não fraquejar
Sem medo e com fé, em si mesmo e de pé
Sustendo a palavra correta no capa a capa eu não volto de ré
Todo esse tempo com dor, sem compaixão, só desamor
Hoje pede perdão pra te livrar do acusador
Quem foi brigar? Quem foi lutar por mim?
Sozinha eu descobri o meu valor e sobrevivi
Hoje eu percebi, as más ações não me faz sofrer
Ao contrário me blindou e me fez crescer
Parei o tempo, resgatei a luz que perdi
Encontre a sua paz nada pode te impedir

[Karla Vecchia]
Atemporal é minha revolta pelas mina assassinada
Pela polícia é agredida, em casa silenciada (amordaçada)
Marias Da Penha é crescente por todo Brasil
Favelada tá na mira e a pátria aqui não é gentil

Na sala de parto sem dignidade, algemada
Eu sobrevivi, salve pra massa carcerária
Motivos não me faltam, eu boto fogo no patriarcado
Sei bem quem eu sou mais uma rosa de aço

Não sou mais um corpo perfeito de mente vazia
Tô aqui vencendo todo o ódio da gordofobia
Eu sou uma mulher livre vivendo com ousadia
Foda-se seu preconceito e toda essa covardia

Eu sou mais uma rosa que o crack despedaçou
Floresci dos espinhos porque meu pai me resgatou
Barulho de sirene feminicídio outra vez
Se a justiça não resolve eu memo faço minhas leis

[Rakel Reis]
A fé e a esperança me trouxeram até aqui
Matei o ódio que existia dentro de mim
Me tornei rosa de aço resistente à dor
Toda fraqueza minhas lágrimas lavou

[Alim]
Nem maquiagem vai esconder a dor da alma ferida
Sujeita à homens e drogas buscando ser preenchida
Somos rosas de aço da rua sobreviventes
Na necessidade e disposição, o crime foi conveniente

Inexperiente, achei que sabia o que era a liberdade
Me vi escrava do ego, da raiva e da vaidade
Vivendo uma vida vazia na busca constante da felicidade
Foi quando entendi que o vazio que eu sentia
Só Deus que podia preencher de verdade

Não aceno bandeira, não colo adesivo, o rap não tem partido
Se nóis se unir com o sistema esse som nem faria sentido
À favor de quem vai contra tudo aquilo que Deus quer
Fui mulher contra homem, homem contra mulher

Criança na depressão, sem atenção, distúrbio de ansiedade
Desde bebê no celular viciado
Cresce sem noção do que é certo e da realidade
E pro mundo se torna despreparado

Eu sou mulher do palco, dos negócios e do lar
Ser dona de casa é motivo de se orgulhar
A dor que faz lembrar meu corpo sangrando e ver que meu filho tá morto
Nunca vai apoiar movimento pró aborto

Eu não te devo nada, seu discurso não me respeita
Diz que é por mim, mais se eu discordar me rejeita
Se o que cês quer é linha de soco toma, então aproveita
Sou o que sou Alim MC não mudo pra ser aceita, pow!

[Kmila CDD]
Já tenho o meu nome fincado na história
Muitas indas muitas vindas tão na minha trajetória
Hoje vivo mais em casa mais a rua foi escola
Aprendi fazer meu corre sem me contentar com esmola

Inimigo deixo na sola, falsidade nem cola
Mercadoria podre nem entra na minha sacola
Foi assim que aprendi a ser rosa de aço
Tô no jogo há muito tempo, sempre cresço a cada passo

Minha família em primeiro lugar, marido e filha
Prioridade máxima dentro da minha planilha
Sem tempo pra preocupar com o resto
Dá pra ver quem é quem em cada pequeno gesto

Eu tô ligada, não caio na tocaia
Bate boca com ignorante nunca foi minha praia
Falta disciplina, que deselegante
Tá na pele de um humilde com alma de arrogante

Intolerante, implicante, pensamento delirante
Palavras recaldadas acho pouco interessante
É como Sandra De Sá: Eu jogo fora no lixo
Pra continuar isenta sempre fora do buxixo

Convidada da BUSHID o trago minha pele preta
Controlando o meu tempo como numa ampulheta
Sou do Rio De Janeiro cria da CDD
O meu nome tu já sabe, pense antes de dizer: Kmila


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