O Aperreio do Cabra Que o Excomungado Tratou Com Má-Querença e o Santíssimo Não Deu Guarida
Nino do Milênio
Ajeú, pé de peba e pé de pato
Jararaca e beato, Zé de Julião
Corisco, dadá, pilão deitado
Parabelo carregado, rebuliço, invasão
Sol na moleira, xique-xique, chão rachado
Bandoleiro no xaxado, o suor pelo gibão
No meio disso, Maria era a mais bela
Arrastava as chinelas sob o olhar do capitão
Virgulino, cabra da peste
O valente cangaceiro dos repentes do Nordeste
Das violas de cordel
A estrela de Salomão brilhava no seu chapéu
Tiroteado, conheceu a morte
Quengo sem cangote, satanás foi visitar
Pediu morada, mas não teve sorte
Bem aperreado, tacou fogo no lugar
Lá no céu, outro alvoroço
Ninguém queria o moço apiedar
São Pedro reuniu a santaria
Corre-corre, gritaria, pro danado não entrar
Ê zabumba! Retumba no arraiá divinal
Foi balancê, anarriê! Um fuzuê celestial
O disgramado, num lindo balão
Do padim ciço Romão quis a bênção final
Vaga por todo o sertão, vive na poesia
Nas vestes do rei do baião
No barro do mestre, em fantasia
Eu sou a lenda do cangaço
Um destino em cada passo, sou poeira desse chão
Imperatriz e nordestino
Eu me chamo Virgulino, mas assino Lampião
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