Terezinha

O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e assustada, eu disse não
O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e assustada, eu disse não
O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro dentro do meu coração

Terezinha

El primero vino a mí como quién viene de la floristería
Traje un animal de peluche, traje un broche de amatista
Me contó sus viajes y las ventajas que tenía
Me enseñaste tu reloj, me llamaste reina
Me encontraste tan desarmado que me tocó el corazón
Pero ella no me negó nada, y asustado, dije que no
El segundo vino a mí como un tipo que vino del bar
Traje una pinta de brandy tan amargo para tragar
Pregunté mi pasado y olía mi comida
Registraste mi cajón, me llamaste perdido
Me encontraste tan desarmado que me arañaste el corazón
Pero ella no me dio nada, y asustado, dije que no
El tercero vino a mí como el que salió de la nada
Tampoco me trajo nada
Apenas sé su nombre, pero entiendo lo que quiere
Ella se acostó en mi cama y me llama mujer
Fue astuto y antes de decir que no
Se asentó como un ocupante en mi corazón

Composição: Chico Buarque