Verso Curandeiro
Márcio Macedo
Passarinhos rabiscando canto no nascer do sol
E a canção me madrugando a dentro
Apontando agora mesmo em toda direção
Retornado à casa pois o caminho é de vento
Quem fui, quem estou?
Quem serei, não pergunte
Meses, eras, horas
Um segundo!
Sou um caminhão a me levar pela estrada
Quanta gente sobe de carona
Lembrança, paisagem, sol, poeira, casa, chuva
Tudo muda tanto a toda hora como encanto
Mato, pedra, estrela, coração
Tudo, nada, tempo
Uma coisa só
E se o mundo inteiro adoecer?
E se tudo agora corroído está?
Haveria um jeito de eu te proteger?
Nós a sós num ninho a nos abraçar
Vento leva
Longe pétala de flor
Voa, leve, calmo
Esse bilhete pro futuro
Diz ao maquinista jovem
Quem conduz a tudo é Deus
Que cuide da terra como última semente em mãos
Quisera compor
Um verso, um salmo curandeiro
Ter luz na voz, milagre
Para acordar você
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