Das Precisão Pra Viver
Luiz Marenco
Não preciso quase nada
Pra vida de peão campeiro
Espora, cincha, baixeiro
Boieiras, luas e aguadas
Um galo pras madrugadas
E uma guitarra pra noite
Flor de trevo nas canhadas
Maçanilha do horizonte
Tão pouco é o que se requer
Pra vida das invernadas
Um ranchito meia água
Que dê pra filho e mulher
Cavalo forte altaneiro
Boa rédea, boa cabeça
Que se lembre se eu me esqueça
Das precisão de campeiro
Pingo de muitos segredos
Sabe o que falta pra mim?
Pelo cheiro do remédio
Que se aboca o criolim
Pelo tinir das argolas
Que falta chave e cambona
Pelo aroma do perfume
Que me vou pras querendonas
Não saio nunca das casa
Sem levar poncho imalado
Pra um campeiro é um pecado
As manga d'água do agosto
Trago nas rugas do rosto
As precisão da experiência
Que a vida é como ciência
Foi me lavrando a seu gosto
Então não me falta nada
Pra cruzar por estes campos
Um clarão de pirilampos
E o pó da terra na mala
O campo me deu a calma
E o vento me deu a crença
E a precisão da querência
Como municio pra alma
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