Sina Migrante
João de Almeida Neto
Quando abandonei meu pago
E me entretei contra o vento
Vinha brotando nos olhos
O que eu trazia por dentro
Na despedida garoando
Mesclei meu pranto com
As águas que Deus mandou
A cada moirão da estrada
O pago mais longe
E no inútil provar meu sonho
Com as linhas de outro horizonte
Aquerenciado neste chão
Barbeando o freio
Vinha se negando
Meu alazão
É a cena dos ruflos do pala
Reaceno as crinas do pingo
Nos meus peçuelos lembranças
E a tristeza de um domingo
Na curva grande me voltei
E o rancherio contava
A vida que eu deixei
Que triste a sina migrante
Que largo recuerdo trago
Por vezes lembrando d'antes
Só depois sovo o amargo
E em cada gole sorvo a pampa
Faço represas pra saudade que descampa
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