Galitos de Campo
Jairo Lambari Fernandes
Eu encilhei três ontonte que até a pouquito troteava
Com três cavalos de muda e uma vontade de estrada
Maneadores de porteira, poncho, chave, cola atada
E debaixo dos pelego uma esperança apertada
Cheguei pra entregar o meu verso lá dos fundos de onde eu vim
Escrita a toco de lápis e a luz pra candear ladim, vim repontar estas rimas
De um canto que não é novo, de lombo, arado e galpão
Onde ainda canta o meu povo
Se faro em rinchar potro e arrastar de mariposa
Falo em vivência de campo, de quem conhece essas coisas
Meu mundo tem seu segredos e a mim me toca cantá-los
Pois descobri muito cedo pra que estrela cantam os galos
Minha guitarra tem alma, até quando erro se acha
Branca geada no lombo, picumã dentro da caixa
Traz as ganas e os alambrado, prende vento nas entranahas
Que se soltam por os meus dedos, pra me lodear nas campanhas
Por isso busquei na várzea, meus três gateados confiança
E apertei entre os pelegos, um punhado de esperanças
Cantar num palco do povo, mostrar que vive o meu canto
Que mais que canto é arte de quem nasceu pra ser campo
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