O Dialeto
Jair Naves
Nem tenta tirar o corpo fora agora
Você e o seus
Nem tenta tirar o corpo fora
O pessimismo mais extremo
Se solidifica
Justificável, inescapável, inquebrantável
A imagem que me ocorre nesse momento é
De um filhote com a coleira na boca
Eufórico e inconsequente, conduzindo o a si mesmo sem ter ideia do que está fazendo
De cabeça erguida, orgulhoso, incapaz de se dar conta do abismo para o qual se dirige
Chegava a ser palpável todo o seu incômodo
Com o dialeto dos empregados
Com a o euforia dos assalariados
Com a desaforada ascensão dos subordinados
Deu no que deu
Nem tenta tirar o corpo fora agora
Essa histriônica horda de fanáticos
Faz Deus parecer sádico
Armou-se acidentalmente uma barricada de corpos desafortunados
Em frente à minha porta
De forma que eu acho que aqui eles não entram
E se entrarem, um dos lados vai ter uma baixa
Ou eles, ou eu
Deu no que deu
E esse peso no meu peito?
Nem tenta tirar o corpo fora agora
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