Carta Aberta
Duda Brack
Eu sempre fui
De pular de trampolim de ponta à cabeça
E você de botar dedo do pé
Por dedo do pé na beira
Testar a temperatura da água
A textura do fundo
Tentar prever se afunda
Ou boia o quer que seja
Talvez essa seja nossa única diferença
Além do que essa diferença
Imprime na relação tempo-velocidade
De resto, muitos encaixes
O Sol pra gente arde na mesma intensidade
Quase sempre
Ao mesmo tempo
E pelos mesmos motivos
E eu sempre acho
Que meu olho brilha mais
Quando vê o teu brilhando
Apesar de todos os absurdos
Que eu já extrapolei
A verdade é que eu ainda
Não encontre um peito
Aonde eu me sinta satisfeita
Pelo simples fato de sentir
Alguém respirar
E a forma como a caixa torácica vibra
Parece simples
E as coisas simples tendem a parecer ordinárias
Até que a gente
Se dê conta
De quão raras elas são
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