Meu Caro Barão

Onde quer que esteja
Meu caro Barão
São Brás o proteja
O santo dos ladrão
Tava na faxina
Do seu caminhão
Vi essa maquina
De escrever no chão
Escovei a nega
Lavei com sabão
Deu uma cocega
Nos calo da mão

Pronto
Ponto
Tracinho, tração
Linha
Margem
Meu caro Ba...

Vire a pagina
Continuação
Ai, essa maquina
Tá que tá que é bão
Como eu lhe dizia
Meu caro Barão
A sua ausencia
É uma sensação
O circo lotado
Cidade e sertão
Domingo, sabado
Inverno e verão
Pronto
Ponto
De exclamação
Linha
Margem
Meu caro Barão

Tem gargalhada
Tem sim senhor
Tem muita estrada
Tem muita dor
Venha, Excelência
Nos visitar
Estamos sempre
Noutro lugar

Dizem que virgula
Aspas, travessão
Coisa ridicula
Dizem que o Barão
Que o Barão, meu caro
Tinha a faca, o pão
O queijo e os passaros
Voando e na mão
Pois eu tenho ouvido
Que o pobretão
Tá magro, palido
Sem ocupação
Pronto
Ponto
De interrogação
Linha
Margem
Meu caro Barão

Venha, Excelência
Nos visitar
A casa é sempre
De quem chegar
Se a senhoria
Vem pra ficar
Basta algum dia
Se preparar

Pra rodar com a gente
Pra fazer serão
Pra ficar contente
Comer macarrão
Pra pregar sarrafo
Pra lavar leão
Pra datilografo
Bilheteiro, não
Pra fazer faxina
Nesse caminhão
Cuidar da maquina
E não ser mais Barão
Linha
Margem
Etcétera e tal
Pronto
Ponto
E ponto final

Mi querido Barón

Donde quiera que estés
Mi querido Barón
São Brás, protégelo
El santo de los ladrones
Estaba en la sala de limpieza
Desde tu camión
Vi esta máquina
Para escribir en el suelo
Yo cepillé la negación
Lo lavé con jabón
Me hizo cosquillas
En el callo de la mano

Terminado
Punto
Trace, tracción
Línea
Margen
Mi querido Ba

Gire la página
Continuo
Oh, esa máquina
Sí, es cierto. - Sí, es cierto
Como te estaba diciendo
Mi querido Barón
Tu ausencia
Es una sensación
El circo lleno de gente
Ciudad y backcountry
Domingo, Sábado
Invierno y verano
Terminado
Punto
De exclamación
Línea
Margen
Mi querido Barón

Se ríe
Sí, señor
Hay mucho camino
Está sufriendo mucho
Venga, Excelencia
Visítenos
Siempre somos
En otro lugar

Dicen coma
Comillas, sangría
Una cosa ridícula
Dicen que el barón
Que el Barón, querida
Tenía el cuchillo, el pan
El queso y los pájaros
Volar y en la mano
Porque he oído
Que el pobre hombre
Eres flaco, eres palido
Sin ocupación
Terminado
Punto
Interrogatorio
Línea
Margen
Mi querido Barón

Venga, Excelencia
Visítenos
La casa es siempre
De quienquiera que llegue
Si la casera
Ven a quedarte
Sólo algún día
Prepárate

Para montar con nosotros
Para hacer la noche
Para ser feliz
Comer fideos
Para clavar masa
Para lavar el león
Para escribir
Hombre de boletos, no
Para limpiar
En este camión
Cuidando la máquina
Y no ser barón nunca más
Línea
Margen
Etcétera y tal
Terminado
Punto
Y ese es el final de todo

Composição: Chico Buarque / L. Enriquez Bacalov / Sergio Bardotti