Chão de Estrelas
Bruno Novaes
minha vida era um palco iluminado
eu vivia vestido de dourado
palhaço das perdidas ilusões
cheio dos guizos falsos da alegria
andei cantando a minha fantasia
entre as palmas febris dos corações
meu barracão lá no morro do salgueiro
tinha o cantar alegre de um viveiro
foste a sonoridade que acabou
e hoje, quando do sol, a claridade
cobre o meu barracão, sinto saudade
da mulher pomba-rola que voou
nossas roupas comuns dependuradas
na janela qual bandeiras agitadas
pareciam um estranho festival
festa dos nossos trapos coloridos
a mostrar que nos morros mal vestidos
é sempre feriado nacional
a porta do barraco era sem trinco
mas a lua furando nosso zinco
salpicava de estrelas nosso chão
e tu, tu pisavas nos astros distraída
sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão
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