Venho assoviando uma coplita
Que se desprende da minha alma
Ao trote manso, na noite calma
Quisera eu, ser chamarrita

Tenho uma dama que está distante
Ficou nas casas cuidando o ninho
Eu saltei cedo e abri caminhos
Com uma tropilha de égua por diante

Rompeu o dia quando cruzei
O passo largo do arroio fundo
O sol já vinha clareando o mundo
Que era outro quando encilhei

E a chamarrita do assovio
Que não me deixa andar solito
Antes que eu desse o primeiro grito
Disse: “Até a volta!”... E depois sumiu

Da estância velha, sou peão do posto
Bebo o sereno do banhadal
Que eu reconheço, por ser “mensual”
E o que me toca, faço com gosto

Vou levantando com a manhãzita
Junto ao floreio que sai da goela
Gado, rebanho e algo dela
Que eu deixei junto com a chamarrita

No que não tenho, tenho pensado
Se me faz falta, ou não preciso
Já que a fortuna daquele riso
Sempre me traz de chapéu tapeado

E quando a lida chegar ao fim
Com a mesma copla bem assoviada
Volto no rastro da madrugada
E a chamarrita canta pra mim

Tropilha adiante, trote “chasqueiro”
Arreio frouxo, serviço pronto
Saudade dela me deixa tonto
E o que eu mais quero é chegar ligeiro

Sou peão do posto, sei que é bendita
A minha sina que tanto prezo
Aperto a cincha, pra Deus eu rezo
E pra minha prenda, uma chamarrita

Composição: André Teixeira / Rogerio Villagran