Maria do Sertão Sem-nome
Paulinho Kokay
Vou contar só uma história
Pra conversa não alongar
De uma moça condenada
Que não tinha onde morar
Aqui, num grande sertão
Onde o mundo faz verão
Com caatinga, terra, mar
Menina-moça bonita
Vitimada no lugar
Foi crescendo em terra virgem
Bem mais cedo foi amar
Na terra do mal-me-quer
Conheceu o que era homem
Sem tempo de ser mulher
E Maria do sertão
Filha de um pai sem nome
Nunca teve profissão
Que pudesse honrar o nome
Matava a sede dos homens
Matava a sede e a fome
Desse mundo de verão
Nas estradas escolhidas
Pra caronas e noitadas
Foi vivendo uma vida
Que nem lhe foi ensidada
O grande mal desse mundo
Não é a pobreza esquecida
É uma criança perdida
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