Quadro Geral (Rancho do Desnorteio)
Orestes Dornelles
Como um trapezista
Do parceiro perde o braço
Como um cerebelo
Desmantela num balaço
Um escafandrista
Renuncia à superfície
Um mendigo velho
Sonha o ouro da imundície e acorda
Como um pacifista
Suas vestes incendeia
Como a mosca tonta
Presa na seda da teia
Um galã balofo
Cheira o mofo do ostracismo
Feito copiloto
Que num Boeing rumo ao abismo despenca
(Quando o povo desnorteia
Sob os dedos dos chacais
Preso na seda da teia
Aos gritos roucos, gritos de nunca mais!)
Como o filho morto
Que erra o mapa para o limbo
Como o Pererê
Que extravia o seu cachimbo
Um junkie cansado
Vigia o desasossego
Como a justa causa
E o auxílio-desemprego, na fila
Nunca mais, nunca mais
Nunca mais, nunca mais
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