Sanatório Hostil
Murillo Augustus
Eu vago pela noite e penso que afinal
Pra quem saiu do zero eu nem estou tão mal
Não devo nada nem tampouco peço muito
Só coleciono amor, que é nobre e gratuito
Nas ruas sombrias deste sanatório hostil
Recordo tanta gente boa que partiu
Seus rostos dançam como fragmentos
Vão-se os risos loucos, ficam bons momentos
E assim vou tocando
E assim vou levando
Nesse vagão
O meu destino é sempre a próxima estação
E eu abro um outro vinho, mas vou devagar
Deixo meus sentidos me mostrarem um lugar
Em que o belo vale muito mais que o lauto
E o bruto nunca se aproveita do incauto
(Precisa tanto pra sorrir)
(Basta um trem para chorar)
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