Balada Para Um Louco

Num dia desses ou, numa noite dessas
Você sai pela sua rua ou, pela sua cidade ou
Ou, sei lá, pela sua vida, quando de repente
Por detrás de uma árvore, apareço eu

Mescla rara de penúltimo mendigo
E primeiro astronauta a pôr os pés em Vênus
Meia melancia na cabeça, uma grossa meia sola em cada pé
As flores da camisa desenhadas na própria pele
E uma bandeirinha de táxi livre em cada mão

Ah! Ah! Ah! Você ri, você ri porque só agora você me viu
Mas eu flerto com os manequins
O semáforo da esquina me abre três luzes celestes
E as rosas da florista estão apaixonadas por mim, juro
Vem, vem, vamos passear e assim meio dançando, quase voando eu
Te ofereço uma bandeirinha e te digo

Já sei que já não sou, passei, passou
A Lua nos espera nessa rua é só tentar
E um coro de astronautas, de anjos e crianças
Bailando ao meu redor, te chama
Vem voar

Já sei que já não sou, passei, passou
Eu venho das calçadas que o tempo não guardou
E vendo-te tão triste, te pergunto: O que te falta?
Talvez chegar ao Sol, pois eu te levarei

Ah! Ah! Ah! Ah!

Louco, louco, louco! Foi o que me disseram
Quando disse que te amei
Mas naveguei as águas puras dos teus olhos
E com versos tão antigos, eu quebrei teu coração

Ah! Ah! Ah! Ah!

Louco, louco, louco, louco, louco! Como um acróbata demente saltarei
Dentro do abismo do teu beijo até sentir
Que enlouqueci teu coração, e de tão livre, chorarei

Vem voar comigo querida minha
Entra na minha ilusão super-esporte
Vamos correr pelos telhados com uma andorinha no motor
Ah! Ah! Ah!
Do Vietnã nos aplaudem: Viva! Viva os loucos que inventaram o amor!
E um anjo, um soldado e uma criança repetem a ciranda
Que eu já esqueci
Vem, eu te ofereço a multidão, rostos brilhando, sorrisos brincando
Que sou eu? Sei lá, um tonto, um santo, ou um canto a meia voz

Já sei que já não sou, nem sei quem sou
Abraça essa ternura de um louco que há em mim
Derrete com teu beijo a pena de viver
Angústias, nunca mais! Voar, enfim, voar

Ama-me como eu sou, passei, passou
Sepulta os teus amores vamos fugir, buscar
Numa corrida louca o instante que passou
Em busca do que foi, voar, enfim, voar

Ah! Ah! Ah! Ah!

Viva! Viva os loucos
Viva! Viva os loucos que inventaram o amor!
Viva! Viva! Viva!

Balada para un loco

Uno de estos días o una de estas noches
Sales en tu calle o, en tu ciudad o
O, no sé, por tu vida, cuando de repente
Desde detrás de un árbol, aparezco

Rara mezcla de penúltimo mendigo
Y primer astronauta en pisar Venus
Media sandía en la cabeza, media suela gruesa en cada pie
Las flores de la camisa dibujadas en la propia piel
Y una bandera de taxi gratis en cada mano

¡Vaya! ¡Vaya! ¡Vaya! Te ríes, te ríes porque recién ahora me has visto
Pero coqueteo con los maniquíes
El semáforo de la esquina me abre tres luces celestiales
Y las rosas de la floristería están enamoradas de mí, lo juro
Ven, ven, vamos a dar un paseo y así medio bailando, casi volando yo
Te ofrezco una banderita y te digo

Ya se que ya no estoy, pasé, pasé
La luna nos espera en esta calle, solo inténtalo
Y un coro de astronautas, de ángeles y niños
Bailando a mi alrededor, te llama
ven a volar

Ya se que ya no estoy, pasé, pasé
Vengo de las veredas que el tiempo no ha guardado
Y al verte tan triste, te pregunto: ¿Qué te falta?
Tal vez alcance el sol, porque te llevaré

¡Vaya! ¡Vaya! ¡Vaya! ¡Vaya!

¡Loco loco loco! eso es lo que me dijeron
cuando dije que te amaba
Pero navegué las aguas puras de tus ojos
Y con versos tan viejos te partí el corazón

¡Vaya! ¡Vaya! ¡Vaya! ¡Vaya!

¡Loco, loco, loco, loco, loco! Como un acróbata demente saltaré
Dentro del abismo de tu beso hasta sentir
Que enloquecí tu corazón, y soy tan libre, lloraré

Ven a volar conmigo querida
Entra en mi ilusión super sport
Vamos a correr por los tejados con una golondrina en el motor
¡Vaya! ¡Vaya! ¡Vaya!
Desde Vietnam nos aplauden: ¡Viva! ¡Viva los locos que inventaron el amor!
Y un ángel, un soldado y un niño repiten la ciranda
que ya se me olvido
Ven, te ofrezco la multitud, rostros brillantes, sonrisas jugando
¿Qué soy yo? no sé, un tonto, un santo, o una canción a media voz

Ya se que ya no soy, ni se quien soy
Abraza esta ternura loca en mí
Se derrite con tu beso el dolor de vivir
Angustias, ¡nunca más! vuela, finalmente, vuela

Ámame como soy, pasado, pasado
Entierren sus amores, huyamos, busquemos
En una carrera loca el momento que pasó
En busca de lo que fue, vuela, por fin, vuela

¡Vaya! ¡Vaya! ¡Vaya! ¡Vaya!

¡Vivo! viva el loco
¡Vivo! ¡Viva los locos que inventaron el amor!
¡Vivo! ¡Vivo! ¡Vivo!

Composição: Astor Piazzolla / Horácio Ferres