Brincar de Esconder
João Paulo e Daniel
Eu tinha 10 anos e ela também
Na risonha infância que o tempo levou
Fomos pequeninas flores que murcharam
Quando a dor do mundo
Com a gente, brincou
Ela se escondia, eu a procurava
Por entre as folhagens do verde pomar
Eu tinha certeza de não lhe perder
Neste delicioso jogo de esconder
Feliz, eu não via o tempo passar
Um dia esperei e ela não veio
Por lá, muita gente vi, aparecendo
Num branco caixão, puseram seu corpo
Disseram que ela ia se esconder
Procurei por ela e nunca encontrei
Só quando cresci pude adivinhar
Que ela virou estrela no céu
Tão alto que nunca eu pude alcançar
O destino, por que entrou no brinquedo
E fez entre nós o jogo acabar?
Ao longo da vida, de tanto esconder
Nós dois nos perdemos
No eterno pomar
A dor das raízes de nossa infância
Matou na menina a flor do viver
Só resta a miragem, o sonho dourado
Por entre a folhagem, o tempo acabado
Nunca mais eu pude brincar de esconder
Um dia esperei e ela não veio
Por lá, muita gente vi, aparecendo
Num branco caixão, puseram seu corpo
Disseram que ela ia se esconder
Procurei por ela e nunca encontrei
Só quando cresci pude adivinhar
Que ela virou estrela no céu
Tão alto que nunca eu pude alcançar
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