Com doze meses, no mundo, eu fui atirado
E me criei por conta do vento norte
De pai e mãe, tive só um ano de amor
E, mesmo eu sendo um sofredor, me sinto um crioulo forte

Enfrento Sol, enfrento chuva, enfrento geada
Eu nunca frouxei pra nada, eu tenho um talento de aço
Sou bem bagual e nunca me assustei de papo
E tem que ser crioulo guapo para enfrentar o que eu passo
Sou bem bagual e nunca me assustei de papo
E tem que ser crioulo guapo para enfrentar o que eu passo

Meu travesseiro é feito de pedra bruta
E o meu colchão é a terra que me criou
Minha coberta é meu lindo céu cor de anil
E minha casa é meu Brasil e, assim, cantando, eu me vou

Me duvidando, vai lá visitar minha terra
Ver o crioulo da serra granjeando muita tarimba
Crioulo guapo seguindo em rumo ao futuro
Respirando um ar mais puro e bebendo água de cacimba
Crioulo guapo seguindo em rumo ao futuro
Respirando um ar mais puro e bebendo água de cacimba

Rancho de barro, pra mim, é casa de rico
Não faço conta, o destino é quem quis assim
Não sou de briga e também nunca fui valente
Mas duvido que um vivente me pise em cima de mim

Nasci no mundo só para viver sofrendo
Ensinando e aprendendo porque o destino é cego
Não dou lugar de mestiço me pisar em cima
Porque, no cabo da rima, eu morro seco e não me entrego
Não dou lugar de mestiço me pisar em cima
Porque, no cabo da rima, eu morro seco e não me entrego

Composição: Baitaca